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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

18
Jul20

A Sem Vergonha Tem Um Novo "Dream Team"

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"Ad captandum vulgus, panem et circenses". Assim explicou o imperador Vespasiano a sua relação com a plebe ululante. Para enganar o povo dêem-lhe pão e circo.

Mesmo com o nacional hábito de contar milhões a voar, já me é difícil saber o que o Benfica tem mais: jogadores com contrato ou casos na justiça. Tragicamente, enquanto sai ou não sai uma acusação, sai ou não sai uma condenação, o manto do "alegado" alumia o caminho do bandido. É longo e largo em Portugal, este manto. Enquanto fulano é "alegado", e não "acusado" ou "culpado", tem tempo para ganhar três campeonatos, comprar sete juízes e apertar dez gasganetes, com o beneplácito da turba alucinada (sim, a mesma turba que reclama justiça e probidade de manhã à noite).

Atentemos às últimas movimentações de Vieira. Para ele, é óbvio que a sua sobrevivência pessoal joga-se nas eleições, não nos tribunais — evidência da dificuldade que a justiça tem em penetrar no fenómeno desportivo. Nesse sentido, Jesus é a cartada que lhe faltava para garantir uma vitória folgada nas urnas. Em nome desse desígnio, quebram-se todas as promessas, enterram-se todos os planos. Que a situação é desesperada indica-o o facto de o mesmo LFV, há pouco tempo atrás, ter jurado que JJ jamais voltaria ao Benfica com ele a presidente. Mas Vieira sabe o que os adeptos do clube secretamente cobiçam. Na gaveta fica qualquer pretensão de projecto desportivo — algo que, tirando a consolidação do seu poder, nunca realmente teve.

É que no Benfica, como noutros clubes, o cheirinho a foguetório é o maior mata-escrúpulos que há. Isso mesmo ficará tristemente exposto em Outubro, quando milhares rumarem à Luz para colocarem o seu voto no ilustre sócio do Sporting, repudiando anos de pudores morais, exaltações éticas e indignações judiciais (ah, saudosos anos 2000). Para o mal e para o pior, o benfiquismo que brandiu valentemente a espada contra os apitos dourados recolhe agora ao estábulo em ovina procissão, cansado e apascentado, pedindo apenas que não mais seja incomodado por ninharias como legalidade ou transparência. Se Vieira faz 'all-in' na entronização de Jesus, o benfiquismo faz 'all-in' na falência ética. O espectáculo de uma alma que se dá à vilanagem a troco de uns vagidos futebolísticos é, de facto, uma coisa abjecta.

A abjecção está em todo o lado, por estes dias. E o que não falta é uma procissão interminável de engolidores de sapos a exibirem os seus invertebrados dotes na tv. Dos bons, dos ginastas, dos reptilíneos — daqueles que aterram sempre em pé...na poça de lama. Ele é a guarda avençada que se dedicou, ininterruptamente, a emporcalhar Jorge Jesus desde o dia em que assinou pelo Sporting. Ele é as eminências pardas do califado, cujo carinho mais suave que dedicaram a Jesus nesses distantes anos foi "traidor"... Se somente esta malta tragasse o Covid como tragam a própria dignidade, a pandemia teria os dias contados...

Admito, os maiores sapos estarão mesmo reservados para os protagonistas desta história. Para o Benfica liderado por Vieira, que, entre outras coisas, acusara o bom Jorge de ser um ladrão de computadores, de atacar jogadores por SMS, de ser mercenário, 'pesetero' e pilha-galinhas. Um homem tão vil que, naturalmente, era inteiramente merecedor do processo de indemnização de 14 milhões (1 euro por cada "simpatizante...") que lhe moveram, ou do arresto do último salário a que tinha direito... Tamanha paixão jamais se vira na canibalização furibunda de um técnico que lhes deu 10 títulos. Não obstante, quando atravessar as portas da Luz, o treinador mais abjecto do mundo, o destruidor de jovens, voltará a ser o melhor treinador do mundo, o fazedor de carreiras. Como a Cinderela, o valor está no sapatinho que a propaganda lhe quiser calçar.

O outro sapo papa-o Jesus, que, para fugir do Brasil, se conforma em regressar a um clube que o aviltou como nenhum outro na carreira. Fá-lo poucos dias depois de ter renovado com o Flamengo, a sangue frio, como um larápio que se some na noite. Este comportamento, como a abdicação de princípios que o acompanha, seria em qualquer outro ramo da vida considerado uma desvergonha apensa a práticas de lupanário. No futebol deram-lhe outro nome: "profissionalismo". E, por isso, o nosso futebol — que é tosco — acerta o passo com a dimensão moral desta gente — que é nula.

Objectivamente, o Benfica passa a contar com o melhor treinador português da actualidade, cujas capacidades admiro. O campeonato português fica mais divertido. Mas 2020 não é 2010. E o trambolhão abrupto do Benfica na época que agora termina não se explica por um misterioso apagão desportivo, mas sim por uma gangrena funda que corrói os pilares do império vieirista. Antes, o "limpinho limpinho" trazia ainda o cheiro da lixívia usada para limpar o local do crime. Mas o "limpinho limpinho" de hoje traz só agarrado o fedor pútrido dos cadáveres que a justiça vai desenterrando no quintal do Vieirismo. O trajecto de Jesus adivinha-se mais conturbado desta vez. E o rasto de animosidades entre o técnico e o seu novo empregador é um arsenal abundante que os rivais hão-de aproveitar. Quanto ao Sporting, tem como missão mostrar que, afinal, "conta para o campeonato".

30
Set19

Vieira: Há Um Diabo de Gaia Em Todos Nós

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Diabo de Gaia.jpg

Luís Filipe Vieira, o huno-estadista, voltou a atacar. Desta feita, quando anunciava novas tvs e micro-ondas para toda a gente, foi violentamente interpelado por um sócio que se atreveu a pedir-lhe o recibo, por favor. Claro que agora é fácil condenar a sua reacção. Mas as pessoas esquecem-se que, como ex-guerrilheiro das estradas, Vieira sofre de um quadro clínico pós-traumático que se manifesta através de sonhos místicos e surtos psicóticos. Vieira viu muita coisa. É preciso ver muita coisa para se saber o que se deve tirar. Vieira é, portanto, uma vítima. Vítima do seu sucesso, como o próprio já esclareceu.

O Dr. Aspirina Barreto, director do Núcleo de Cleptómanos Politraumatizados, descreve-o deste modo: "não é raro uma pessoa como Luís Filipe Vieira — alguém que fez a sua formação profissional na alta roda dos assaltos à mão armada — vir depois a sofrer, na sua transição de ladrão de camiões para burlão de camarote, de uma cisão de personalidade que o remete para estados de alucinação frequentes. É muito provável que o Sr. Vieira, ao ver-se confrontado por alguém que apelava ao eixo ético que o Sr. Vieira não possui, tenha regredido para um desses estados psicóticos, e aquilo que todos viam como um sócio normal a usar do seu direito à palavra, Vieira tenha visto como um juiz-de-linha a colocá-lo fora-de-jogo. Todos temos um Diabo de Gaia dentro de nós!"

Vieira largou então o pacote de Lay's para arejar os colarinhos dum perigosíssimo arruaceiro. Um acto de bravura! Ou, como diria Scarface, "say hello to my little friend!" Sabe Deus que outra letal oratória esse sócio estaria prestes a disparar sobre a multidão inocente?

Tudo isto, obviamente, insere-se no plano de remodelação da Luz. LFV nunca teve medo de meter mãos à obra, mesmo em trabalhos sujos. Sobretudo em trabalhos sujos. E assim não perdeu tempo, dando o exemplo limpando a área em redor do toupeiral, onde alguns sujeitos mal intencionados andavam a procrastinar, exigindo transparência e outras modernices. A nova Luz começa a ganhar forma. Já era aflitivo não saber onde pôr todo aquele staff da FPF e do Campus de Justiça. Naquelas cadeiras que estão sempre desertas atrás das balizas não pode ser. Ficam tão longe do centro de decisão... O melhor é mesmo aumentar a lotação. Com este voluntarismo, aquilo num instante passa dos 15 mil para os 30 mil convites por jogo. Com jeitinho ainda conseguem meter lá toda a família do Carlos César e ainda manterem as cadeiras atrás das balizas vazias, para não distrair os espectadores dos golos do De Tomás. Há um plano para tudo e Vieira, o betão-man, é o homem certo para concretizá-lo. Quanto à verdade, essa, pode ficar de pé, espremida dentro da caixa de segurança, para não se atrever a interromper o circo.

P.S.: O que diz o regulamento do Benfica sobre presidentes que agridem sócios? O Benfica tem um Conselho Disciplinar? E o escrutínio da imprensa, ficar-se-á por uns vídeos foscos revelados à luz do iPad? O que é mais grave, Bruno Fernandes dar uns safanões numa porta ou o presidente dum clube que recebe na tribuna primeiros-ministros e juízes bater noutra pessoa por delito de opinião?

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