Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

O Esférico

23
Jan20

Aí Está a Factura

O Esférico

82587245_1360806377454545_8903723450946813952_n.jp

 

A confrangedora imagem de Coates a jogar a ponta-de-lança nos minutos finais do jogo de ontem resume a tragicomédia em que se transformou esta gestão. Porque Coates não se limitou a jogar a ponta-de-lança. Efectivamente, era o único "ponta-de-lança" em campo.

Uma época em cacos, um balneário em fanicos, um clube em espiral suicida, dão plena razão a quem apontou ao centímetro os erros grosseiros desta direcção. Como costuma dizer-se, "estava escrito nas estrelas".

Os resultados são claros. Frederico Varandas deve aos Sportinguistas uma escolha. Uma escolha entre a continuidade do seu trabalho ou entre alguém que apresente novas soluções. Uma escolha para aqueles que acreditam que os pressupostos da sua candidatura foram cumpridos e aqueles que não acreditam. Deve, sobretudo, perceber que esta situação não é sustentável por mais tempo e que é o clube, em primeiro lugar, que sofre com isto. A época seguinte já está em risco. Mudanças exigem-se. Deveria por isso seguir o conselho que ele próprio deu — e bem — ao presidente anterior quando decidiu assumir a sua candidatura à liderança do SCP. Esconder-se atrás de silêncios sonsos ou desculpas fiadas deixou de ser opção. Há muita coisa que o caos herdado de 2018 não explica e cuja responsabilidade recai sobre a actual estrutura.

Em relação a Silas, é uma daquelas coisas... Se o seu sistema pós-Bolasie tivesse aguentado até aos pénaltis e aí o Sporting prevalecesse mercê duma inspirada cartada chamada Renan, teria sido levado em ombros. Como apostou tudo na retranca e perdeu no último minuto, é tido como besta. Faltou-lhe exumar os restos mortais de Peyroteo e colocá-lo a líbero. Tê-lo-ia feito, se pudesse. Muitas vezes os adeptos vêm ter comigo com visões conflituantes sobre a culpabilidade de Silas. Na minha opinião, acho que contratar um treinador com as limitações no banco que este tem é como ter nas mãos uma granada sem pino: mais cedo ou mais tarde rebenta-nos na cara. Mas creio que a perspectiva mais correcta para se avaliar o trabalho do técnico é a seguinte: ainda que o plantel do Sporting esteja distante da qualidade que Benfica e Porto ostentam, a verdade é que continuamos a ter melhores jogadores do que Braga, Famalicão ou Guimarães, assim como as restantes equipas da 1ª liga — nem que seja pelo número de internacionais que o nosso onze apresenta. Continuamos também a ter o 3º maior orçamento do campeonato, com crise ou sem ela. Silas deverá ficar até ao fim da época, até porque o descalabro está consumado. Mas manda o bom senso que comecemos a preparar a sua sucessão.

22
Dez19

Como Um Palhaço União Uma Nação // Portimonense 2 Sporting 4

O Esférico

79917448_10156478897566555_6728920697092964352_o.j

Olhando para a estupenda reviravolta operada ontem pelo Sporting, em Portimão, não posso deixar de recordar uma outra reviravolta semelhante, aqui há uns anos atrás, também contra uma equipa trôpega, inconstante e pródiga em truques circenses. O ano era 2008, o treinador Paulo Bento e o adversário o Benfica. De uma desvantagem de 0-2 ao intervalo virámos para uma vitória por 5-3, com golos de Djaló, Liédson, Derlei e Vukcevic. A Taça, viríamos a ganhá-la. Mas, tal como ontem, essa vitória também pareceu nascer duma rara epifania colectiva, destilada duma profunda sensação de frustração exorcizada com fogo bento ao intervalo, e não tanto da prática consistente de bom futebol. Tal como ontem, a 1ª parte pareceu retratar mais fielmente os andamentos da época do que a 2ª parte. Tal como em 2019, em 2008 eram mais os pontos que nos separavam da liderança do campeonato do que os anos que hoje nos separam do apocalipse climático.

A impressão que fica é que, não fora o episódio com Bolasie, e o nosso destino parecia predeterminado rumo a uma implosão de equívocos — posicionais e não só —, embaladas pela cacofonia falida das claques, que já mal conseguem disfarçar ao que vão. Ainda há umas horas atrás, um sujeito com ar de guru sentimental me tinha garantido, na televisão, que qualquer alteração aos pressupostos do sucesso ficaria para outras núpcias. E eu, como espectador crédulo da tv shopping, senti-me confiante nas virtudes tonificadoras daquela máquina de abdominais 'made in China', seguro da eficácia cortante daquelas facas Ginsu. Silas não ia inventar. Só que inventou. Um bocadinho. Por isso, quando descobri pela primeira vez que Vietto estava em campo, na altura em que marcou o golo, não foi propriamente alegria que senti, mas sim o efeito arrepiante de termos um treinador que acha ser coisa de valor deixar no banco o nosso melhor finalizador num jogo onde nada mais importa senão a vitória.

Às 4 da manhã, só há clientes defraudados na tv shopping. Afinal, aquelas facas Ginsu não cortavam um pilar da Ponte 25 de Abril de um só golpe e a maquineta de abdominais não nos transforma em réplicas do Brad Pitt em três sessões. E no Sporting, geralmente, são quase sempre 4 da manhã nos tempos que correm.

Felizmente, há males que vêm por bem. E um simples gesto pode transformar uma cerimónia fúnebre numa ópera épica em dois minutos. Uma nação apática redesperta perante uma agressão externa. E uma equipa amorfa toca a reunir perante as cambalhotas bufas dum rabolho. Efectivamente, o Sporting continua a ser perseguido pelo fantasma da "visão intuitiva" na Taça da Liga. Já houve a "mão" de Pedro Silva na bola, e ontem houve a "mão" de Bolasie num palhaço. A mão não existiu, o palhaço sim. Pois palhaço Willyan é. E João Pinheiro o cúmplice ingénuo deste mísero espectáculo. O que têm ambos os lances em comum? São a projecção fictícia dum universo paralelo que só existe na glândula olfactiva dos árbitros. A João Pinheiro cheirou-lhe a marosca. Mas enganou-se, pois o fedor vinha todo dos confettis que Willyan largara durante a sua queda para a morte. Batatinha, põe-te a pau...

De repente, encontrámos um factor de união: o desprezo pela fantochada. Num ápice, Frederico Varandas sai ao caminho do árbitro com uma karateka de palavras "contundentes", e a lucidez de Silas ganhou novo ímpeto após início titubeante, como o provam as decisões certeiras — e consequentes — tomadas na 2ª parte (além da ousadia de procurar novas soluções para velhos problemas, como foi a aposta em Plata.)

A história diz-nos que a teatralidade no futebol é sol de pouca dura num contexto amaldiçoado por graves falhas estruturais. Mas o golpe de teatro que ontem nos abençoou com um mar de aplausos pode muito bem ser o tónico ideal para "pegar de caras" o FC Porto, esse sim um adversário de dureza credenciada. E então, sim, uma vitória poderá mesmo ser a cola que venha a unir de vez as (muitas) peças soltas deste plantel.

P.S.: O Conselho de Disciplina, se quiser manter a mais pequena aparência de seriedade, só tem uma solução: despenalizar Bolasie por aquela expulsão, que mais não é do que uma vil subversão dos princípios do jogo. Não há maneira de sustentar aquela decisão.

Mais sobre mim

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D