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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

26
Jul20

Nasceu Torto // Benfica 2 Sporting 1

O Esférico

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O Benfica ainda deu 5 minutos de avanço, cedendo à nação leonina uns raros vislumbres de tele-entusiasmo com um par de arrancadas na direcção da baliza de Vlachodimos. Mas não foi preciso esperar muito até que a máscara caísse ao Sporting, revelando os seus verdadeiros objectivos para o derby.

Para o Sporting, aquilo parecia um treino específico cujos objectivos se resumiam a passar para o sítio errado, correr para buracos insofismáveis e atirar os braços ao ar em esbaforida consternação, numa tentativa de estudar os diferentes vectores do falhanço. Face à pressão alta do Benfica, e com poucas linhas de passe, os centrais leoninos responderam à abstrusa responsabilidade de saírem com bola com incompetente diligência, missão que cumpriram religiosamente durante cerca de 35', durante os quais entregaram a bola ao adversário — sem exagero — mais de 10 vezes junto à grande área (e às vezes dentro dela). E, enquanto os pupilos de Amorim cumpriam rigorosamente a inovadora metodologia, as ocasiões sucediam-se para os encarnados, até que o golo de Seferovic surgiu, não como uma punhalada súbita, mas como o fim lógico de um longo obscurecimento de faculdades.

Perante isto, qualquer treinador, confrontado com esta falta de soluções, teria ordenado aos seus defesas que, no mínimo, despejassem a bola na frente, em vez de a entregarem nataliciamente aos rivais. Mas não Amorim — e é por isso que gosto dele. A coerência é uma qualidade que prezo muito. Se a perdem cinco vezes, também a podem perder vinte. Não tem preço a fidelidade a um certo estilo de jogo.

Na 2ª parte, contudo, os pressupostos do jogo mudaram ligeiramente. As perdas de bola infantis continuaram a ser compulsórias, mas a entrada de Tiago Tomás, um Wendel mais cooperante com a saída de jogo, e um futebol mais directo a partir da retaguarda, permitiram que o Sporting rechaçasse o Benfica para terrenos mais inférteis e impusesse ao jogo as presenças até aí anódinas de Jovane e Sporar — tendo este último marcado no único toque decente que teve em toda a partida, após cirúrgica assistência de Tomás. Foi durante esses 25/30 minutos que o Sporting mostrou o seu melhor futebol, permitindo arrancar ao marasmo inicial exibições reconfortantes de Matheus, Nuno Mendes e Wendel, assim como o contributo precioso de Ristovski (eficaz a fechar, pressionante a subir) e Luís Neto (um oásis de experiência que evitou um descalabro prematuro).

Infelizmente, talvez sem o saberem, já estavam em marcha os acontecimentos que atirariam o Sporting para o 4º lugar, mercê da exibição pírrica frente ao Setúbal, à qual a reviravolta bracarense frente ao Porto e as graduais cedências da imaturidade leonina à eficácia benfiquista perto do fim apenas vieram amargar o travo de fatalismo que nos persegue, e que parece sempre óbvio à distância.

Acabou derreado o que nasceu torto. Ainda assim, este jogo não deixa de ser uma lição de matemática valiosa. Se "o mesmo" só chega para 30 minutos de futebol competitivo, "mais do mesmo" para 30 minutos chegará. Há quem saiba fazer contas destas na SAD?

P.S.: eu não páro de avisar: escorregadelas antes do Benfica dá derrota com o Benfica. Entre aquela gente toda, não creio que haja uma grama de noção histórica.

25
Jul20

Como Atacar a Próxima Época

O Esférico

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Não é tarde, nem é cedo, para abrirmos o véu sobre a próxima época. Aqui, importa desde logo destacar três perguntas como ponto de partida para os vários cenários que se colocam em cima da mesa. 1 - Há dinheiro? 2 - Há scouting? 3 - Há juventude?

Sobre a primeira, tendo em conta que a comunicação do clube é hoje inexistente, não temos indicações evidentes. Talvez a resposta mais clara venha, indirectamente, pelas mãos de Rúben Amorim, que, ao acelerar a integração de jovens na equipa, estará também a confessar as expectativas limitadas que tem em relação a reforços. Se juntarmos a isso o eclipse das receitas de bilheteira, a queda da publicidade e a impossibilidade de antecipar mais verbas da NOS, percebe-se logo a limitação de recursos. Tão pouco o Sporting poderá compensar este défice com vendas avultadas. Bruno Fernandes — cujo bolo transaccional estará quase reduzido a pó — já foi transferido, Acuña desvalorizou-se para 12M e o próprio Wendel está longe de inspirar loucuras em quem tem dinheiro.

Então, há scouting? Olhando para o rasto de contratações falhadas, para o prenúncio de contratações por falhar, e atendendo a que esse departamento não sofreu qualquer remodelação digna de nota, a resposta é não, não há — na medida em que o scouting é muito mais do que ler jornais e atender telefonemas de empresários.

Não obstante, há juventude. E alguma com inegável qualidade.

Temos então um clube com futuro, sem dinheiro e cujo scouting é anémico. Nestas circunstâncias, como montar uma oposição competitiva a um Porto campeão e a um Benfica de bolsa aberta comandado por Jesus?

A última coisa que a SAD deve fazer é entrar em pânico e reverter para a política de contratações insipiente que fez da temporada actual uma das piores de sempre. A persistente aposta em Hugo Viana tem de ser contraposta com uma coordenação abrangente e flexível com o treinador — o contrário, portanto, de o que se verificou com Keizer.

Estrategicamente, deve adoptar-se uma visão de guerrilha para a época que se avizinha. O que quer isto dizer? Um plantel mais curto e alinhado com a cultura do Sporting, a focalização do discurso de vitória em duas competições (em vez de quatro), a convergência da comunicação do clube com estes objectivos.

Na prática, isto significa manter a aposta em jovens como Matheus, Maximiano, Nuno Mendes, Quaresma, Plata, Jovane e Joelson (este último aproveita a escassez actual de extremos); manter a experiência no plantel (Coates, Acuña, Luís Neto); canalizar reforços para 3 ou 4 contratações de verdadeiro peso; reduzir do plantel; dispensa/venda de todos os excedentários.

A desvalorização de umas competições em detrimento de outras trará sempre algum risco, sobretudo se falharmos no essencial, mas tão ou mais correcto é concluir que, num plantel que geralmente mal chega para as encomendas, a dispersão de esforços tem retirado foco competitivo às competições mais importantes, sem grande proveito prático. A realidade obriga-nos a definir prioridades, estando o campeonato e as competições europeias à cabeça (onde está o ganho).

Entre os dispensáveis coloco Eduardo, Borja, Ilori, Lumor, Rosier, Camacho, Doumbia, Bruno Paulista, Misic, Miguel Luís, Mattheus Oliveira, Francisco Geraldes, Alan Ruiz (!), Battaglia.

Geraldes, porque só é a somar enquanto lhe olhamos para os pés, mas quando olhamos a tudo o resto (ambição, intensidade, eficácia) é sempre a subtrair.

Battaglia, porque tem um dos maiores ordenados, mas o seu rendimento colapsou depois da lesão.

A lista é longa. Porém, entre vendas (algumas) e empréstimos, o Sporting pode gerar aqui uma folga interessante, com vista à obtenção dos seus alvos de mercado. (Admito, é mais fácil dizer do que fazer).

Quanto à política de contratações, o foco deve estar na aquisição de 3/4 mais-valias, jogadores com experiência, créditos firmados, níveis físicos estáveis, e preferencialmente identificados com a cultura do clube — importante para fomentar uma dinâmica de união e compromisso. Jogadores como Adrien ou Slimani, não só são possíveis, como são recomendáveis. Assim como o retorno de Palhinha é para não desperdiçar.

A fazer fé em potenciais saídas e ajustamentos, identifico como prioritários um ponta-de-lança de topo (Sporar é claramente insuficiente), um extremo-direito, um médio-ofensivo (Adrien poderá não encaixar neste desígnio), um central e um lateral-direito.

Insistir na política da compra de refugo em quantidade seria um erro fatal do qual esta direcção não mais recuperaria. Na impossibilidade de atrair determinado alvo, a prioridade deverá sempre ser, em primeiro lugar, olhar para dentro. A título de exemplo, a questão dos centrais. Se o actual sistema for para manter, quatro centrais poderão não chegar. Talvez seja necessário um quinto. Um titular dos sub-23 pode perfeitamente fazer esse papel, sem necessidade de gastar 3 ou 4 milhões num estrangeiro medíocre. Só assim Frederico Varandas conseguirá materializar os pressupostos do seu projecto. É melhor que o faça. Porque no próximo ano poderá não ter as claques e a pandemia para o isentarem de sarilhos maiores.

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