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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

11
Jun20

A Comunidade Científica Que Investigue

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A teoria da relatividade assume comportamentos bizarros nos jogos do Benfica e deveria, por si só, suscitar a preocupação da comunidade científica.

Entre o jogo da semana passada e o jogo de ontem em Portimão jogaram-se 17 minutos de tempo suplementar — 7' num e 10' noutro.

Assim à vista desarmada parece-me que há uma anomalia no eixo resultado-tempo que gravita à volta dos encarnados, na medida em que o tempo encolhe ou dilata-se consoante o resultado no marcador.

Resultados negativos parecem ter o efeito de dilatar os descontos e o número de remates para o ar de Dyego Sousa. Resultados positivos parecem ter o efeito de encurtá-los (como aconteceu nos últimos triunfos do Benfica — nos distantes tempos de D. Dinis — frente a Gil Vicente e Belenenses, em que os descontos se ficaram por uns austeros 4 minutos).

É estranho como a percepção das paragens do jogo se torna muito mais minuciosa nuns casos do que noutros.

Temo que, no futuro, uma eventual desvantagem no marcador implique mais 15 ou 20 minutos do imperdível espectáculo de Bruno Lage a contemplar, de mãos nos bolsos e olhar mortiço, a bainha do seu fato de treino Lacatoni.

É que a este ritmo de desaires o Benfica é capaz de chegar ao final da época com mais dois jogos inteirinhos nas pernas do que os restantes rivais — uma grave discriminação cronológica.

Entretanto, enquanto Vieira e Lage foram de mãos dadas ver o mar — quiçá em busca dum caminho marítimo para o Seixal desprovido de viadutos —, o líder encarnado conseguiu completar mais 24 horas sem pronunciar as palavras "claques" ou "No Name Boys" — um feito assinalável, dadas as circunstâncias.

22
Dez19

Como Um Palhaço União Uma Nação // Portimonense 2 Sporting 4

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Olhando para a estupenda reviravolta operada ontem pelo Sporting, em Portimão, não posso deixar de recordar uma outra reviravolta semelhante, aqui há uns anos atrás, também contra uma equipa trôpega, inconstante e pródiga em truques circenses. O ano era 2008, o treinador Paulo Bento e o adversário o Benfica. De uma desvantagem de 0-2 ao intervalo virámos para uma vitória por 5-3, com golos de Djaló, Liédson, Derlei e Vukcevic. A Taça, viríamos a ganhá-la. Mas, tal como ontem, essa vitória também pareceu nascer duma rara epifania colectiva, destilada duma profunda sensação de frustração exorcizada com fogo bento ao intervalo, e não tanto da prática consistente de bom futebol. Tal como ontem, a 1ª parte pareceu retratar mais fielmente os andamentos da época do que a 2ª parte. Tal como em 2019, em 2008 eram mais os pontos que nos separavam da liderança do campeonato do que os anos que hoje nos separam do apocalipse climático.

A impressão que fica é que, não fora o episódio com Bolasie, e o nosso destino parecia predeterminado rumo a uma implosão de equívocos — posicionais e não só —, embaladas pela cacofonia falida das claques, que já mal conseguem disfarçar ao que vão. Ainda há umas horas atrás, um sujeito com ar de guru sentimental me tinha garantido, na televisão, que qualquer alteração aos pressupostos do sucesso ficaria para outras núpcias. E eu, como espectador crédulo da tv shopping, senti-me confiante nas virtudes tonificadoras daquela máquina de abdominais 'made in China', seguro da eficácia cortante daquelas facas Ginsu. Silas não ia inventar. Só que inventou. Um bocadinho. Por isso, quando descobri pela primeira vez que Vietto estava em campo, na altura em que marcou o golo, não foi propriamente alegria que senti, mas sim o efeito arrepiante de termos um treinador que acha ser coisa de valor deixar no banco o nosso melhor finalizador num jogo onde nada mais importa senão a vitória.

Às 4 da manhã, só há clientes defraudados na tv shopping. Afinal, aquelas facas Ginsu não cortavam um pilar da Ponte 25 de Abril de um só golpe e a maquineta de abdominais não nos transforma em réplicas do Brad Pitt em três sessões. E no Sporting, geralmente, são quase sempre 4 da manhã nos tempos que correm.

Felizmente, há males que vêm por bem. E um simples gesto pode transformar uma cerimónia fúnebre numa ópera épica em dois minutos. Uma nação apática redesperta perante uma agressão externa. E uma equipa amorfa toca a reunir perante as cambalhotas bufas dum rabolho. Efectivamente, o Sporting continua a ser perseguido pelo fantasma da "visão intuitiva" na Taça da Liga. Já houve a "mão" de Pedro Silva na bola, e ontem houve a "mão" de Bolasie num palhaço. A mão não existiu, o palhaço sim. Pois palhaço Willyan é. E João Pinheiro o cúmplice ingénuo deste mísero espectáculo. O que têm ambos os lances em comum? São a projecção fictícia dum universo paralelo que só existe na glândula olfactiva dos árbitros. A João Pinheiro cheirou-lhe a marosca. Mas enganou-se, pois o fedor vinha todo dos confettis que Willyan largara durante a sua queda para a morte. Batatinha, põe-te a pau...

De repente, encontrámos um factor de união: o desprezo pela fantochada. Num ápice, Frederico Varandas sai ao caminho do árbitro com uma karateka de palavras "contundentes", e a lucidez de Silas ganhou novo ímpeto após início titubeante, como o provam as decisões certeiras — e consequentes — tomadas na 2ª parte (além da ousadia de procurar novas soluções para velhos problemas, como foi a aposta em Plata.)

A história diz-nos que a teatralidade no futebol é sol de pouca dura num contexto amaldiçoado por graves falhas estruturais. Mas o golpe de teatro que ontem nos abençoou com um mar de aplausos pode muito bem ser o tónico ideal para "pegar de caras" o FC Porto, esse sim um adversário de dureza credenciada. E então, sim, uma vitória poderá mesmo ser a cola que venha a unir de vez as (muitas) peças soltas deste plantel.

P.S.: O Conselho de Disciplina, se quiser manter a mais pequena aparência de seriedade, só tem uma solução: despenalizar Bolasie por aquela expulsão, que mais não é do que uma vil subversão dos princípios do jogo. Não há maneira de sustentar aquela decisão.

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