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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

10
Fev20

Juve Leo, Organização Terrorista

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Diz a lei de combate ao terrorismo em vigor:

"Considera-se grupo, organização ou associação terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem prejudicar a integridade e a independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na Constituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique, OU AINDA INTIMIDAR CERTAS PESSOAS, GRUPOS DE PESSOAS OU A POPULAÇÃO EM GERAL".

E prossegue, tipificando os actos enquadráveis no conceito, entre os quais:

"a) Crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas;
c) Crime de produção dolosa de perigo comum, através de [inter alia] libertação de substâncias radioactivas OU DE GASES TÓXICOS OU ASFIXIANTES, etc"

Portanto, face ao que tem sido um comportamento consistente de agressões e ameaças, que conheceu episódios como o de Alcochete, a espera no Funchal, o arremesso de tochas contra atletas do Sporting, as invasões à garagem dos jogadores, a perseguição ao plantel nas ruas de Londres, o "Alcochete sempre", a invasão de bancadas no João Rocha, as tentativas de agressão aos órgãos sociais do clube, a destruição de carros, culminando ontem nas repugnantes agressões a membros do conselho directivo do SCP (incluindo a vil humilhação de uma rapariga de 16 anos), creio ser a hora de chamarmos os bois pelos nomes. A Juve Leo cumpre hoje vários dos requisitos apensos a uma organização terrorista. A Juve Leo é uma organização terrorista. Opera em território nacional. A sua religião é o ódio. O ódio pelo clube em tudo o que difere da sua visão medieval. E os aterrorizados somos nós, adeptos sportinguistas, atletas sportinguistas, funcionários sportinguistas, dirigentes sportinguistas.

O governo tem, por isso, nas suas mãos os meios legais para uma acção musculada contra este e outros grupos. Estamos perante uma epidemia de violência que devasta todos os estádios do país. Se não age, é por manifesta falta de vontade política. Falha na mais sagrada das missões: proteger os cidadãos, punir os infractores. É desgoverno em vez de governo. Não serve.

Sejamos muito claros. O que está aqui em causa é a própria sobrevivência do SCP. Ser ou não ser, eis a questão. Tudo se resume a isso. Há anos que bato na mesma tecla. Era tudo tristemente previsível. Mas repito, ainda assim: mais urgente do que mudar o plantel é desmontar estes grupos, reconquistar a bancada sul e devolvê-la a todos nós. A mensagem que este tipo de actos envia é clara: dirigentes, sócios ou atletas, ninguém está a salvo. Por cada pontapé há uma renovação que fica em risco, por cada tocha há um reforço que não vem, por cada cuspidela há um investidor que desiste, por cada soco uma Gamebox que fica por vender. Com isto, o seu objectivo fica estabelecido: matar o clube.

Virão agora aqueles que dizem pertencer à referida claque apenas por exaltado afecto leonino. "Há muita gente decente nas claques", dizem eles. Lobos em pele de cordeiro, cuja nobreza de carácter seria melhor provada se se distanciassem de tais grupos, ao invés de fazerem tão desconchavada defesa. A cumplicidade destes, se não é material, é seguramente moral. Tal como o é a cumplicidade de toda e qualquer claque que toma como suas as dores desta súcia de fanhosos. Conheço bem a laia. Fortes com os fracos, fracos com os fortes. Selvagens em matilha, mas lacaios de brega quando sós, às ordens da avozinha que lhes faz os papos-secos com marmelada ao lanche.

Se há gente decente nestes grupos, é por eles que (também) passa a solução. Saiam, lavem-se de pecados, rompam com este esfíncter gretado em sal, este ralo de pilosidades sebosas, este joanete a céu aberto, este traque cozido atrás da barraca, este urinol clandestino de idiotas, estas excrescência de tumores purulentos, esta gonorreia contraída em fétida viela e ejaculada em antros de fake news virtuais — latrina de chapa liderada por sobas pançudos criminalmente laureados.

Quanto a Frederico Varandas, mais do que rasgar as vestes, o que deve fazer é admitir os seus erros, fazer reset ao projecto e largar os pesos mortos que tem na estrutura. Em suma, ajude-nos a ajudá-lo, por favor! Pelo Sporting, pelo bem comum. Seja humilde, rodeie-se dos melhores.

Perante isto, a vitória do Sporting cai obrigatoriamente para segundo plano. Mas também por causa disto, deu-me um gozo tremendo.

P.S.: mais de 24 horas após o sucedido, ainda não ouvi uma única palavra de solidariedade por parte de putativos candidatos e opositores. Um silêncio que vale por mil palavras. Fica registado.

21
Out19

Claques: Nem Mais Um Passo Atrás

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No pós-Alcochete havia, no Sporting, quem tivesse a fantasia de que a relação com as claques poderia um dia voltar a uma espécie de idade da inocência, remendada por vagos exercícios de recalcamento colectivo e fé em Deus. Eu nunca embarquei nessa cantiga, e escrevi-o aqui, advogando pela extinção das mesmas ou a sua total refundação. As razões são diversas, entre as quais contam-se a captura das claques por comandos de desordeiros profissionais que do Sporting se servem antes de servirem o Sporting, a galopante tribalização das dinâmicas internas e o perigosíssimo empoderamento das suas cúpulas, com a nefasta consequência de termos hoje um segundo órgão de poder não-eleito no seio duma sociedade cotada em bolsa. Mas, sobretudo, porque quando se dá um acontecimento tão cataclísmico como o que ocorreu a 15 de Maio de 2018, atinge-se um ponto de não-retorno em que se exige visão, não hesitação.

Parece-me a mim que F. Varandas é o tipo de pessoa reactiva, não proactiva. Qualidades pouco abonatórias para um líder. Pois de um líder espera-se que saiba interpretar a gravidade dos factos e conjugá-los com o sentimento dos sócios (que não estão com as claques), desbravando, com medidas oportunas, caminhos consentâneos com o sinal dos tempos. Essa seria a única forma de prevenir o caos que é hoje visível. Oportuno, portanto, teria sido adoptar estas medidas quando o ferro estava quente. Porque depressa — muito depressa — percebemos que estes grupos, nomeadamente a JL, não contentes com os danos infligidos ao clube, nunca se mostraram dispostos a submeter-se à mais cândida "palmadinha na mão", jamais abdicando duma auto-proclamada "autoridade moral" que em tudo lhes permitisse condicionar os destinos do clube, mesmo que à pancada. Os sinais estavam todos lá, como aqui fui relatando.

Não deixo, todavia, de estar ao lado do presidente nesta matéria. Esta medida, embora tardia, é corajosa, ainda que insuficiente. O problema é que parte duma direcção enfraquecida e, no contexto actual, arrisca-se a ser confundida por sectores da bancada cujo apoio seria essencial com um acto de auto-preservação de poder, na lógica da postura defensiva que a estrutura tem, aliás, adoptado ultimamente. Não posso deixar de notar que, ao contrário do que vem escrito no comunicado da SAD (que está repleto de razões válidas), esta reacção não decorre de uma invocada falta de apoio à equipa de futebol, mas sim dos acontecimentos de Sábado, cujo alvo foi a própria estrutura. Mau timing, sempre. Porém, bem vistas as coisas, esses ataques inenarráveis não terão deixado outra alternativa à SAD, e isso é um escudo argumentativo plausível, mesmo que não infalível.

Previsivelmente, isto não ficará por aqui. E, dependendo dos próximos desenvolvimentos, poderá chegar-se a um ponto em que a expulsão das claques fique em cima da mesa. O que para mim não é um problema. Começam a desenhar-se as linhas de nova batalha pela alma do clube. E terão que ser os sócios do SCP, na sua globalidade, a saberem distinguir entre o mau trabalho desta SAD na área do futebol profissional e a pertinência das medidas agora tomadas. Porque o que está em causa não poderia ser mais importante. Termos um clube moderno, equipado para o século XXI, no qual as bancadas são restituídas às multidões de famílias e amigos; ou um clube anacrónico, sujeito à "lei marcial" destes grupos "paramilitares", no qual a generalidade dos sócios são cada vez mais espectadores dispensáveis no processo decisório? Muito possivelmente, desta inevitável cisão dependerá o renascimento do nosso clube. Porque este, tal como está, não tem futuro.

P.S.: Uma breve ronda pelos canais de tv dá-nos a prova inequívoca de que o nível médio de inteligência no comentarismo lusitano define-se na malga de farelos à rés-do-chão. Condenam a violência dos GOA? Sim, certamente. Opõem-se às ameaças? Oh, sim, veementemente! Até acham que aquilo de Alcochete foi um tudo nada desagradável... Naturalmente, são unânimes em chorar a morte prematura do Mercedes do vogal (se há coisa que comove esses prodígios do coice verbal é verem um Mercedes maltratado). Então qual é a sua opinião final? Que FV esteve mal, muito mal. Coitadinhas das claques, etc... Isto significa o quê, em termos práticos? Só pode querer dizer que, nas suas cabeças, o estado de direito deve subjugar-se a um certo "direito" à violência, que é, afinal, mero resultado da "paixão" pelo futebol. Ah, essa valente "paixão" que permite que um desaire desportivo transforme as pessoas em bichos... Não me surpreende que tão poucos refugiados sírios queiram ficar em Portugal. Afinal, também eles vieram de sítios onde a lei não significa nada. Reconhecem à distância o cheiro a trampa.

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