O "Comandante" Weigl
É nítido que os jornais desportivos hoje mais não são que "moços de recados" dos gabinetes de comunicação dos grandes clubes. Em suma, um desperdício de tempo e dinheiro.
Sem qualquer pudor que lhe acuda, o jornal "A Bola" assume-se orgulhosamente como o fiel escudeiro desse viveiro de suspeitas a que ainda hoje chamamos, piedosamente, Benfica.
Weigl foi propalado como o grande sucesso de bilheteira de Janeiro. Para não destoar, o Benfica desembolsou uns exorbitantes 20M pelo petiz.
Não posso deixar de notar, contudo, que desde a chegada do alemão os resultados do Benfica têm caído a pique. Se, numa primeira fase, o Benfica acumulara 20 vitórias, 4 empates e 4 derrotas, após a entrada do ex-Dortmund os registos estancaram numas agonizantes 7 vitórias, 6 empates e 3 derrotas. Pré-Weigl: 2.28 pontos por jogo. Pós-Weigl: 1.68 pontos por jogo.
Algo não correu bem nos cálculos. E, a julgar pelos resultados, o contabilista da obra foi o mesmo que arquitectou o saudoso RDT.
A opinião dum Sportinguista confesso é uma coisa. Mas acontece que este pormenor não escapou ao, por estes dias, olhar cortante dos adeptos encarnados, que não se furtaram a mencionar esse facto, não obstante as odes marítimas trauteadas à ceia pelo despreocupado Lage.
Por isso mesmo, com a devida diligência, os amigos de "A Bola" dedicam hoje a sua primeira página à nobre arte de polir nabos. É preciso relembrar que, melhor do que ganhar jogos, o que importa é que o sr. 20 milhões pegou no "comando" do navio — mesmo que o navio seja uma chalupa em naufrágio acelerado.