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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

18
Jan20

Fumo No Porão // Sporting 0 Benfica 2

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Havia uma escola que frequentei quando era mais novo que organizava todos os anos um torneio de futebol inter-turmas. Tratava-se duma ocasião especial, pela qual esperávamos ansiosamente. E embora apenas participassem os alunos mais "veteranos", os mais novos, como eu, tomavam fervorosos partidos por esta ou aquela equipa, gerando uma euforia participativa que redundava num ambiente de jogo a sério em redor do campo. Uma das singularidades deste evento consistia na existência dum 'speaker', que se posicionava num palanque improvisado sobre a linha de meio campo — um bom malandro com ar de Spirou que não só anunciava resultados e substituições, como também interpunha bicadas satíricas sempre que achava conveniente. Lembro-me perfeitamente dum desses jogos, em que certa Equipa A abafava certa Equipa B, o massacre já ia penoso, até que a partir dos 6-0 cada novo golo era aproveitado pelo 'speaker' para se dirigir aos vencidos num tom de refinado sarcasmo: "coragem, ainda não acabou..." A ironia era óbvia: aquilo que se mascarava de estímulo para os humilhados era na realidade a sádica promessa de mais golos no bucho. E toda a gente ria.

Esta época fez-me recordar esse episódio. Algures, atrás dum pilar, há sempre uma vozinha jocosa que não pára de nos atirar o mesmo piropo: "ainda não acabou..." Efectivamente, ainda há tempo mais que suficiente para as coisas piorarem. Escusado será dizer, uma equipa com estas crateras estruturais não vai a lado nenhum na Liga Europa. A Taça de Portugal já foi e a Taça da Liga prepara-se para tomar o mesmo rumo. A meio do campeonato, são 19 os pontos que nos separam do líder. A Champions é uma miragem, o Famalicão deverá fugir no 3º lugar, e o Braga já nos morde os calcanhares no 5º. O Sporting não caminha para o pódio, caminha para ficar fora da Europa.

Não se pode dizer que tenhamos jogado propriamente mal ontem, assim como não se pode dizer que tenhamos chegado a jogar bem. Fomos uma equipa equilibrada dentro do possível, mas qualquer olhar atento aos jogadores das duas equipas em aquecimento aos 60' chegava para concluir que os equilíbrios negociados dentro de campo podiam ser ilusão rapidamente desfeita a qualquer instante. Dum lado, Rafa, Taarabt ou Seferovic; do outro Plata, Mendes, Eduardo, Borja. Dum lado homens feitos, do outro rapazes e flops. À maior consistência encarnada, o Sporting soube responder com duas ou três oportunidades claras. E, à semelhança do que já acontecera contra o FCP, períodos houve em que a assertividade leonina chegou a entusiasmar a plateia. Mas no fim venceu o Benfica, porque tem melhor futebol e, sobretudo, melhores jogadores nos momentos de definição e concretização.

Pois estes grandes jogos são como o algodão: não enganam. E assim, onde atletas como Max, Fernandes ou Mathieu responderam com graus variáveis de qualidade sempre que foram chamados a intervir, outros como Wendel, Doumbia ou L. Phellype viram a sua flagrante mediania brutalmente exposta por um adversário hábil em explorar este superavit de fragilidades — a começar pelo miolo, onde os raros laivos de construção sustentada não chegaram para compensar uma crónica lentidão e confusão na definição dos lances.

Tal como, infelizmente, preconizei, o mês de Janeiro prepara-se para ser o dilúvio que vai rebentar com os diques de Alvalade. Nesta lua de fel em curso, sugiro algumas coisas muito concretas:

1) Os resultados tornam cada vez mais urgente que esta direcção submeta a escrutínio eleitoral a teoria de que é particularmente dextra em gestão futebolística — afinal, a principal premissa da sua então candidatura.

2) Esteja mais uma semana, um mês ou um ano à frente do clube, FV deve concluir o saneamento das claques, nomeadamente através das propostas que eu já aqui expus: a) expulsão/extinção de todas as claques, ou substitui-las por uma claque oficial do clube; b) retirada da bancada inferior do topo sul aos GOA.

3) É necessário que se comece a preparar a sucessão de Silas. Independentemente do seu grau de culpa, os resultados são pobres, a sua competência é apenas mediana, e um treinador que nem pode falar com os jogadores não é seguramente o futuro do Sporting. Deixemo-nos de ideias tolas.

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