Chega Sporar
O Sporting precisava desesperadamente dum ponta-de-lança. Ele aí está. Sporar é, inequivocamente, um ponta-de-lança.
Porque há questões várias que se levantam com esta aquisição, o melhor que pode acontecer a Sporar é facturar logo dois ou três golos nos primeiros jogos e cair depressa no goto dos adeptos. O pior que pode acontecer é tudo manter-se na mesma, mergulhando logo Sporar na mesma nuvem de suspeição que mina todo o plantel. Daí — como se vê — é muito difícil escapar com vida.
Sporar não carrega apenas a responsabilidade de suprir de golos uma equipa em crise atacante. Carrega também o peso de uma gestão que traz no currículo flops vários, entre saídas incompreensíveis e contratações falhadas. A pressão é, portanto, redobrada, a margem de erro limitada.
Agora perguntarão as pessoas porque é que Sporar, tendo o registo impressionante que tem no campeonato eslovaco, não era perseguido por Inter, Chelsea ou Bayern, mas sim por Sporting, Celtic e Al-Gharafa. Porque tinha o passe avaliado em 2.5 milhões, e não em 15 ou 20 milhões? A resposta é simples e curta. Porque a liga eslovaca não vale um chavo. Efectivamente, o campeonato da Eslováquia situa-se apenas no 30º lugar do ranking da UEFA, atrás de ligas como a da Roménia, Bulgária, Cazaquistão, Bielorússia, Azerbaijão, etc. Está para a Europa dos grandes como os distritais estão para a Liga NOS. Há lá Zéquinhas vários com 20/30 golos, mas isso pode não querer dizer nada.
Outra pergunta. Sporar chega por 6M (+ objectivos). É praticamente o mesmo valor da venda de Bas Dost (7M). Isto faz algum sentido? Por este valor, não havia nenhum avançado numa liga minimamente competitiva que pudesse exponenciar o seu rendimento num campeonato intermédio como o nosso? Tanto mais que as passagens de Sporar por Basileia e Arminia Bielefeld (II. Bundesliga) foram um rotundo fracasso. Há aqui um risco claro.
Marega, por exemplo, custou ao Porto 4 milhões. Mitroglou custou ao Benfica 7 milhões, vindo do Fulham. Zé Luís veio do Spartak por 8.5M e Seferovic chegou do E. Frankfurt a custo zero. Escuso de ir mais longe.
Urge por isso a pergunta: será que o scouting do Sporting viu o que mais ninguém viu? Onde não existem certezas pode haver esperança. Esperemos que o seu real valor esteja mais próximo da sua prestação na Liga Europa deste ano (5 golos), porque o seu registo na Eslováquia diz-me pouco.
Resolve-se um problema, surgem outros. A descaracterização do ADN Sporting no plantel principal continua prego a fundo. Se olharmos para o nosso onze-tipo, verificamos que, actualmente, só existem um jogador da formação e dois portugueses. Tudo isto merece a nossa reflexão.