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O Esférico

Página independente de apoio ao Sporting Clube de Portugal. Opinião * Sátira * Análise * Acima do Sporting Mais Sporting

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O Esférico

28
Fev20

Kebab de Leão // Basaksehir 4 Sporting 1

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Não estou a brincar. Ao intervalo do jogo de ontem disse a um amigo: "o que vai acontecer é que o Sporting vai marcar um golinho na 2ª parte, depois vai sofrer outro já perto do fim, vamos para prolongamento, e perdemos o jogo por 4-1 ou 5-1." Isto, palavra por palavra, ipsis verbis. Porque o repito aqui? Não para exortar hipotéticos dons proféticos, que não possuo. Mas sim para realçar a importância do conhecimento estatístico, da noção histórica do clube, das dinâmicas de (des)confiança internas, naquilo que é a formação de abordagens, instintos, percepções e estratégias para o futuro. Esta gente que hoje se senta no banco não disfarça aquilo que é: merceeiros da era do papel, de lápis na orelha e uma clamorosa ignorância sobre a cultura do SCP nos bolsos do fato de treino. Escapa-nos o ouro das mãos por isso mesmo, ano após ano.

Do mesmo modo, hoje nem precisaria de escrever qualquer artigo. Bastaria remeter para os últimos parágrafos do texto que assinei na semana passada sobre o jogo da 1ª mão. Está lá tudo, incluindo estas palavras: "O Sporting ainda vai bem a tempo de ser eliminado".

Na realidade, o Sporting perdeu a eliminatória em três momentos específicos.

Na 1ª mão, quando aos 70' decidiu repousar sobre os louros da exibição e entregou o comando da partida aos turcos.

Ontem, com a substituição de Jovane por Doumbia aos 72'. Se a entrada de Plata tinha agitado o jogo, culminando no golo de Vietto, já a introdução de um trinco para o lugar de um avançado numa altura em que o Sporting dominava (pela primeira vez) a partida — e mostrava-se mais perto do empate do que do 1-3 —, foi a cereja podre no topo do bolo de trampa.

E a entrada atabalhoada de Eduardo aos 91', durante a marcação dum canto, gerando distracção e confusão numa altura em que a equipa precisava era de foco e estabilidade. Previsivelmente, foi na sequência desse canto que surgiu o 3-1, e, embora o resultado ainda só apontasse ao prolongamento, a eliminatória morreu ali, efectivamente. Pois sem um maestro no meio-campo, com Vietto deslocado para a esquerda, e as tarefas de construção entregues aos trolhas Doumbia-Eduardo-Battaglia, era uma questão de tempo até que o Basaksehir marcasse o golo fatal. O prolongamento improdutivo do Sporting só confirmou essa ideia. Do naufrágio leonino apenas dois jogadores se safaram, agarrados, ofegantes, ao destroço flutuante do seu esfoço inglório: Acuña e Ristovski.

Já D. Silas "O Indeciso", que inicialmente apenas pecara pela pífia abordagem ao jogo, não tanto pela escolha do onze, deu uma vez mais lugar à risível figura de D. Silas Medroso, receitando, a partir do banco, mezinhas holísticas por interposta pessoa, e atirando para o relvado todos os cepos que tinha à mão, numa ode à sofisticada ideia de estancar hemorragias com baldes de cascalho.

Recuso a ideia de que o Sporting era superior a este Basaksehir — tecnicamente, dizem-me. A técnica só tem corpo quando é animada por ideias coerentes, pelo colectivo, pela lucidez estratégica. Caso contrário, é folha morta em tempestade de neve. O que os turcos não têm em virtuosismo, têm em persistência, solidariedade, conhecimento do adversário, eficácia. São, por isso, superiores a nós. Mereceram vencer. Só uma coisa me parece cruel. Levámos anos a tentar pronunciar Gençlerbirligi, e agora vamos passar outros tantos a tentar pronunciar Basaksehir. Triste sina. É tapar o nariz e aguentar até ao fim da época.

P.S.: Ontem, os tugas foram todos à viola. Não é malapata, não. É a reles competitividade do nosso campeonatozeco, onde a gula de um ou dois clubes abafa completamente todos os outros indigentes, condenados a guerrearem entre si pelas últimas raspas da malga.

21
Fev20

Pitéu Turco // Sporting 3 Basaksehir 1

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Poucas vezes me deu tanto prazer ver o Sporting esta época como no jogo de ontem. Pelo menos até aos 60', altura em que a equipa antecipou o fecho da loja, encerrou a caixa, recolheu os toldos e reuniu o staff para uma cavaqueira amena à volta da grande área de Max, deixando a concorrência facturar impunemente no lote vizinho e arrebanhar por instantes os dividendos que tinham até então pertencido exclusivamente aos leões.

O jogo em Vila do Conde — artefacto museológico hoje exibido na ala dos grandes desastres exibicionais, uma prateleira abaixo dos maiores 'hits' de Vercauteren — tinha deixado adivinhar o que aí vinha. A substituição do infrutífero Camacho por Jovane, o desmantelamento daquele enterro em forma de dupla Doumbia-Eduardo, a fuga definitiva ao cadafalso dos três centrais, táctica-trapezista que apenas tem rendido ao Sporting más aterragens.

Aproveitar a intensidade carnívora de Battaglia para sacudir a poeira e devolver Wendel (apagado, apesar de tudo) às funções de ligação intermédia, soltando Vietto atrás do ponta-de-lança, restitui ao nosso futebol pergaminhos ofensivos mais consentâneos não só com o ADN histórico do clube, mas também com as características do plantel — e os resultados foram notórios. Para isso contribuiu a presença simultânea em campo dos que são efectivamente os nossos melhores jogadores — exceptuando Mathieu — e a confiante mobilidade de Jovane (para mim o melhor em campo), cuja omnipresença no último terço permitiu também a Sporar focar-se em funções exclusivas da sua posição. O esloveno já marca, e isso é bom para consolidar o seu estatuto. Mas nem por isso a equipa escapou à calamidade da fraca eficácia, resultante de alguma falta de esclarecimento na definição do último passe/remate, esbanjamento que teve em Vietto e Sporar os seus rostos mais visíveis, não obstante os bonitos golos que ambos assinaram.

Conseguimos meter as hordas otomanas em retirada. Porém, o golo tardio de Visca — num pénalti forçado, mas também consentido pelo Sporting — garantiu ao Basaksehir o seu 'momento Dunquerque' — a esperança de terem dado um passo atrás mas ainda poderem dar dois em frente.

Foi esta displicência final do Sporting que reavivou uma eliminatória que podia ter ficado fechada ontem, tal foi a supremacia leonina. E, assim, quem se lembrar de nomes como o Rapid Viena, Casino Salzburg, Dínamo Bucareste, Grasshopper, Viking, Gençlerbirligi ou Halmstads, saberá que, na conjuntura actual do clube, um, dois, ou até três golos de vantagem podem significar pouco — e épocas como as de 90/91, 04/05 ou 11/12 têm sido estrelas raras no firmamento europeu. O Sporting ainda vai bem a tempo de ser eliminado. Pois não duvido que o Basaksehir, 2º classificado da liga turca, irá revelar a sua melhor face em casa. Para evitá-lo teremos que, no mínimo, mostrar a ambição que ontem evidenciámos durante uma hora e não retrocedermos para as folias tácticas em que o sr. Silas tem sido pródigo.

16
Fev20

O General Com Medo // Rio Ave 1 Sporting 1

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Completados 5 meses ao serviço do cçube, Silas prova categoricamente que treinar o Real Madrid ou treinar este Sporting é para ele um expediente que vai dar ao mesmo. Devagar, devagarinho, com medo, muito medinho, lá vai ele abordando os jogos, faça chuva ou faça sol, fiel à mesma míngua de ideias que caracteriza um participante da Casa dos Segredos, antítese empírica do exemplo dado por Humberto Delgado, o general sem medo para quem o gigantismo da opressão regimental só podia ser combatido olhando o adversário nos olhos. Só assim se explica a exibição execrável do Sporting, a total ausência de jogo atacante (tirando o remate-oásis de Eduardo), a solidão necrológica dos homens dianteiros (poucos, tão poucos), a inexistente criatividade nos raros momentos de posse.

Silas ainda não interiorizou uma noção quintessencial para qualquer treinador do Sporting que tenha por objectivo sobreviver no cargo por mais de meio ano: mais vale perder pontos a atacar do que perder pontos a jogar para o pontinho. Quando o Uber o larga em Alvalade ele estranha a ausência das paredes mal calafetadas do Restelo. Não o censuro pela confusão. O Sporting de 2020 é bastante parecido ao Belém de 2018. O mesmo pendor autofágico, o mesmo futebol em 2ª mão, a mesma obsessão por emprestados, a mesma equipa técnica. Mas qualquer vista de olhos mais atenta à nossa história deveria despertar Silas para as prioridades do seu consulado, entre aquilo que é tolerável para os adeptos do Sporting e o que é intolerável para os adeptos do Sporting. No topo da lista dos "intoleráveis" está, precisamente, passar 70' a jogar em estéril lateralização, inseminação abortada por dois pivôs que não constroem nada, não acrescentam nada, não garantem nada. Por isso mesmo, Silas não pode ser o treinador do Sporting na próxima época.

Mesmo tendo em conta as limitações do plantel, os castigos, as lesões e esse luto visceral por Bruno Fernandes, não pode haver desculpas para a produção do Sporting em 90' se resumir a um remate à trave. Não pode haver desculpas para sermos tão descaradamente submissos a uma equipa que nunca venceu um campeonato nacional, nunca venceu uma taça, nada. Nem que seja porque o Sporting entrou ontem em campo com seis internacionais AA, contra dois do Rio Ave.

O jogo de ontem foi, assim, um pedido de ajuda. Uma tentativa de suicídio ao ralenti, feita em público, sob o olhar atento dos bombeiros. E, se dúvidas existissem, terá servido de guia de marcha para uma série de jogadores. A começar por Borja, o único jogador do planeta que consegue perder três bolas numa única posse. Ou Wendel, o equivalente low-cost de um Pogba: engenhoso, talentoso, mas totalmente desprovido de mentalidade competitiva — não há pretensão ao título de campeão que resista a um protagonista com tamanha falta de fibra vencedora. Algo desacompanhado, é certo; perdido nos abismos milenares que o separavam da dupla Eduardo-Doumbia (Battaglia no banco?), não tem, porém, o impulso de vir procurar jogo atrás. O eclipse foi tão completo que o meu dedo já teclava o número da polícia, para dá-lo como pessoa desaparecida, quando o brasileiro emergiu dos vapores tísicos da equipa para desmarcar o fantasma de Jordão, lá no deserto relvado onde apenas a morte de ideias estava presente.

Assim, Silas persistiu no erro até aos 71', altura em que Coates é expulso e pulverizam-se quaisquer hipóteses de alterações substanciais. E depois há Sporar, homem-ilhéu no naufrágio. 4 jogos, 0 golos. O pior início possível para alguém que precisava de começar bem para dissipar as dúvidas. Sporar é mais vítima do que réu, é certo, pois a moda dos avançados figurantes já vem de trás, quando Keizer decidiu fazer de Bas Dost uma espécie de farol solitário em alto mar, por quem os barcos passam com indiferença e um aceno triste. Desta soma de misérias sobra apenas Maximiano, mais uma vez o melhor da equipa.

Com tantos erros de casting, o empate acaba mesmo por assumir tonalidades milagreiras, um bálsamo inesperado para a nossa leonina comichão, arrancado literalmente do céu pela persistência de Bolasie. Jovane assumiu, não falhou, e deu com isso um sinal de confiança e vontade que lhe deverão garantir a titularidade nos próximos jogos.

Agora, nas semanas seguintes, iremos assistir a uma tendência interessante. O foco do descontentamento popular irá transitar gradualmente da direcção para o treinador. Se em teoria isto aponta para a culpabilização do técnico pela má época, não é de todo o que significa. Significa tão somente que, para os adeptos, o preço de fazer cair uma direcção desapontante é demasiado elevado, tendo em conta as forças do caos que se perfilam para lhe tomar o lugar. Trocando por miúdos, FV tem o seu lugar cada vez mais garantido até à próxima época.

11
Fev20

Para Um Sporting Indivisível Temos Que Assumir a Sua Divisão

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Sobre a ideia da indivisibilidade do Sporting, tenho-a aflorado ocasionalmente nesta página — e com mais insistência desde os trágicos acontecimentos de 2018. Se já a tinha formada na cabeça, os últimos desenvolvimentos serviram para cristalizar os seus aspectos mais prementes.

Para o bem e para o mal, um novo clube saiu do verão desse ano. A ideia de um SCP policromático, casa de diversas sensibilidades e correntes, foi estilhaçada pela emergência de duas grandes facções conflituantes: uma pela restauração de uma certa decência histórica, outra pelo populismo. Nos dois anos subsequentes houve muito quem acalentasse, em vão, a ilusão de um clube reunificado, revivalismo moderno de uma era passada. Essa ilusão não só provou ser descabida, como se viu desarmada pela realidade, e tende a agudizar-se com a decisão (correcta) de negar a AG destitutiva e com o agravamento dos resultados até final da época.

O Sporting que uns dizem amar não é o Sporting que nós amamos. E para que o Sporting que eles dizem amar exista, este Sporting tem que morrer. Ou é como eles querem ou não há Sporting para ninguém. É esse o mantra, e não será derrotado com meias medidas.

Não escapa às observações de ninguém que os maiores focos de desestabilização se concentram na curva sul. Ora, o que abunda na mesma bancada? Claques. É portanto justo assumir que muitos destes adeptos têm ligações, afinidades ou proximidade com as claques. Mas, mais do que claques, impera ali uma mitologia. A mitologia da força sobre a lei, do futebol tribal, do ódio clubístico, da supremacia de um sportinguismo sobre outro.

Assim, temos de considerar a seguinte pergunta: o que mais pretende esta categoria de pessoas? De um modo geral, viver o Sporting como uma transmissão ininterrupta do "Pé Em Riste". Celeumas, indignações, contra-comunicados, golpes de teatro, murros na mesa, e também — algo comum a todos nós — golos na baliza. Muitos deles identificam esse modo de estar com o presidente destituído, outros com putativos candidatos, mas quase todos vêem desde o primeiro minuto Frederico Varandas como o principal obstáculo a esse devir. Há aqui um desequilíbrio químico com aspectos de toxicodependência.

Como podemos então desmantelar este 'pathos'? Não através de purgas anti-democráticas, mas sim de formas legítimas que permitam concretizar os mesmos objectivos. Para esta receita são necessários, sobretudo, dois ingredientes: astúcia e paciência. Não podemos fechar a bancada a quem comprou Gamebox, mas podemos preparar os próximos passos para dissolver a presença desses elementos naquele sector. Pois aquele sector — no estádio como no pavilhão — é para eles o sítio onde bate o coração desse sectarismo. Podemos e devemos considerar uma claque oficial em detrimento de todas as outras. Podemos e devemos expulsar as claques problemáticas, e pegar nas que não o são para um diálogo interno sobre o futuro unívoco dos GOA sob a alçada jurisdicional do clube. Não podemos alimentar a retórica radical com mais retórica radical, mas podemos neutralizar essas paixões com um comportamento ponderado e condigno. Não menos importante, o presidente deve rodear-se de pessoas capazes de quantificar em alma e feitos os sonhos dos sportinguistas. É esta a morte por mil golpes que recomendo para acabar com esta Hidra.

O corte terá de ser profundo e limpo. Mas, com as medidas certas, poderemos dar azo a uma espécie de selecção natural. Desprovidos da 'droga' que lhes alimenta a festa, esses elementos serão confrontados com duas opções: reunirem-se a nós na bancada como adeptos normais, ou afastarem-se do clube de vez. Seja como for, a dissolução estará alcançada, a cisão concretizada.

Quando há duas mentalidades inconciliáveis, manda a razão que se assuma a guerra em todo o seu horror. Chegámos a esse ponto. E, numa guerra, só pode haver um vencedor. Pugnemos então para que sobreviva a ordem, não a anarquia.

Possivelmente, teremos que conformar-nos em prosseguir feridos na nossa base popular, enfraquecidos, diminuídos — pelo menos durante um período. Porém, o que pode parecer fraqueza a uns, é na realidade força. O que poucos fazem em união, muito não fazem em divisão.

A performance de FV na entrevista à TVI pareceu-me das mais sólidas do seu mandato. Não obstante, quando confrontado com a real natureza das divisões no clube, chutou para canto, remetendo para as direcções dos GOA o ónus da culpabilidade, e recusando as razões da fracturação interna do clube, que tem como uma das suas raízes a criação das claques — primeiro uma, depois muitas. Até à data, ninguém desta SAD soube ainda identificar os verdadeiros motivos da decadência acentuada do clube. E isso preocupa-me.

10
Fev20

Juve Leo, Organização Terrorista

O Esférico

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Diz a lei de combate ao terrorismo em vigor:

"Considera-se grupo, organização ou associação terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem prejudicar a integridade e a independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na Constituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique, OU AINDA INTIMIDAR CERTAS PESSOAS, GRUPOS DE PESSOAS OU A POPULAÇÃO EM GERAL".

E prossegue, tipificando os actos enquadráveis no conceito, entre os quais:

"a) Crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas;
c) Crime de produção dolosa de perigo comum, através de [inter alia] libertação de substâncias radioactivas OU DE GASES TÓXICOS OU ASFIXIANTES, etc"

Portanto, face ao que tem sido um comportamento consistente de agressões e ameaças, que conheceu episódios como o de Alcochete, a espera no Funchal, o arremesso de tochas contra atletas do Sporting, as invasões à garagem dos jogadores, a perseguição ao plantel nas ruas de Londres, o "Alcochete sempre", a invasão de bancadas no João Rocha, as tentativas de agressão aos órgãos sociais do clube, a destruição de carros, culminando ontem nas repugnantes agressões a membros do conselho directivo do SCP (incluindo a vil humilhação de uma rapariga de 16 anos), creio ser a hora de chamarmos os bois pelos nomes. A Juve Leo cumpre hoje vários dos requisitos apensos a uma organização terrorista. A Juve Leo é uma organização terrorista. Opera em território nacional. A sua religião é o ódio. O ódio pelo clube em tudo o que difere da sua visão medieval. E os aterrorizados somos nós, adeptos sportinguistas, atletas sportinguistas, funcionários sportinguistas, dirigentes sportinguistas.

O governo tem, por isso, nas suas mãos os meios legais para uma acção musculada contra este e outros grupos. Estamos perante uma epidemia de violência que devasta todos os estádios do país. Se não age, é por manifesta falta de vontade política. Falha na mais sagrada das missões: proteger os cidadãos, punir os infractores. É desgoverno em vez de governo. Não serve.

Sejamos muito claros. O que está aqui em causa é a própria sobrevivência do SCP. Ser ou não ser, eis a questão. Tudo se resume a isso. Há anos que bato na mesma tecla. Era tudo tristemente previsível. Mas repito, ainda assim: mais urgente do que mudar o plantel é desmontar estes grupos, reconquistar a bancada sul e devolvê-la a todos nós. A mensagem que este tipo de actos envia é clara: dirigentes, sócios ou atletas, ninguém está a salvo. Por cada pontapé há uma renovação que fica em risco, por cada tocha há um reforço que não vem, por cada cuspidela há um investidor que desiste, por cada soco uma Gamebox que fica por vender. Com isto, o seu objectivo fica estabelecido: matar o clube.

Virão agora aqueles que dizem pertencer à referida claque apenas por exaltado afecto leonino. "Há muita gente decente nas claques", dizem eles. Lobos em pele de cordeiro, cuja nobreza de carácter seria melhor provada se se distanciassem de tais grupos, ao invés de fazerem tão desconchavada defesa. A cumplicidade destes, se não é material, é seguramente moral. Tal como o é a cumplicidade de toda e qualquer claque que toma como suas as dores desta súcia de fanhosos. Conheço bem a laia. Fortes com os fracos, fracos com os fortes. Selvagens em matilha, mas lacaios de brega quando sós, às ordens da avozinha que lhes faz os papos-secos com marmelada ao lanche.

Se há gente decente nestes grupos, é por eles que (também) passa a solução. Saiam, lavem-se de pecados, rompam com este esfíncter gretado em sal, este ralo de pilosidades sebosas, este joanete a céu aberto, este traque cozido atrás da barraca, este urinol clandestino de idiotas, estas excrescência de tumores purulentos, esta gonorreia contraída em fétida viela e ejaculada em antros de fake news virtuais — latrina de chapa liderada por sobas pançudos criminalmente laureados.

Quanto a Frederico Varandas, mais do que rasgar as vestes, o que deve fazer é admitir os seus erros, fazer reset ao projecto e largar os pesos mortos que tem na estrutura. Em suma, ajude-nos a ajudá-lo, por favor! Pelo Sporting, pelo bem comum. Seja humilde, rodeie-se dos melhores.

Perante isto, a vitória do Sporting cai obrigatoriamente para segundo plano. Mas também por causa disto, deu-me um gozo tremendo.

P.S.: mais de 24 horas após o sucedido, ainda não ouvi uma única palavra de solidariedade por parte de putativos candidatos e opositores. Um silêncio que vale por mil palavras. Fica registado.

03
Fev20

Falar Para a Parede // Braga 1 Sporting 0

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Os números explicam eloquentemente a época do Sporting até aqui: 16 vitórias, 3 empates, 13 derrotas (5 delas em casa), o que perfaz apenas 50% de triunfos. 5º lugar no campeonato, 22 pontos de atraso para o líder; 53% de posse de bola média; queda na 1ª eliminatória da TdP, queda nas meias-finais da TdL; jogos contra o top 5 = 1 vitória vs. 6 derrotas; 5º melhor ataque da Liga, 8ª defesa; 1 jogador da formação no onze titular; 3 treinadores (e continuam sem acertar); 3 jogadores nucleares vendidos e 9 jogadores contratados, dos quais apenas dois (Vietto e Bolasie) foram titulares em pelo menos metade dos 32 jogos efectuados.

Alguém vai ter que explicar-me em que medida é que isto encaixa numa direcção que fez uma campanha assente em três premissas fundamentais: priorização total da formação, desvalorização dos encargos financeiros e empolamento da sua astúcia futebolística. Mas que me expliquem isso sem racharem a espinha com qualquer malabarismo argumentativo.

Hoje, em duelo de mudos, ganhou quem teve maior clareza de processos. Ao passo que no Braga as peças certas encaixam nos lugares certos, o Sporting não consegue evitar assemelhar-se a um tabuleiro da Chicco para crianças, onde uma catatua atrevida tenta invariavelmente encaixar cubos no orifício dos triângulos, bolas no orifício dos rectângulos e o Hugo Viana no orifício dos dirigentes profissionais. Foi assim que o losango híbrido de Silas acabou fazendo figura de paralelepípedo perneta, com dois laterais esquerdos jogando um em cima do outro (Acuña e Borja), e um completo desequilíbrio na linha ofensiva (Camacho foi de tudo, desde extremo esquerdo, a extremo direito, passando por avançado, e acabou por não ser nada). O Sporting entrou com um onze titular que, na prática, apresentou 7 jogadores com missões sobretudo defensivas, e também por aí se viu o quão curto é esta mentalidadezita que o Sporting ostenta, na qual a primeira vítima acaba por ser Sporar, cujas raras intervenções até revelaram alguns pormenores de matador.

Menos má acabou por ser a atitude batalhadora da equipa, assim como a 1ª parte de Eduardo (que rapidamente voltou à costumeira banalidade na 2ª), ou a ocasional irreverência de Wendel, que, solto de amarras defensivas, ofereceu um vislumbre do que poderá render em novas funções. Mas pouco mais. No fundo, o abracadabra esquemático de Silas resultou apenas em 10 minutos de bem intencionada decência a abrir o jogo, durante os quais o Braga sofreu uma trombose ocular por não saber onde fixar as suas marcações, consequência da ausência de Bruno Fernandes. E se é verdade que o Sporting voltou a entrar bem no reatar da partida, depois disso rapidamente os acontecimentos redundaram numa macabra previsibilidade, durante a qual a ideia mais recorrente na cabeça de cada um de nós foi "quando surgirá o golo deles"? À falta de qualidade maior, à falta de liderança, à falta de lucidez, acabámos por cair vítimas da evidente maior solidez bracarense.

Resta-me apenas destacar um último pormenor, que, não explicando tudo, diz muito sobre o nosso estado de coisas. Jesé no banco, Pedro Mendes em Lisboa. Porquê? Tivemos durante dois dias três pontas-de-lança no plantel, logo passámos para dois, e hoje Silas escolheu munir-se apenas de um, num aceno de saudosismo a um passado recente. Porquê? Perante as mais que previsíveis dificuldades, não teria dado jeito termos dois homens de área nos minutos finais? Jesé, por acaso, foi a jogo? Numa época frustrada, continuamos a investir no sub-desenvolvimento de quem não tem futuro no clube, em vez do desenvolvimento de quem tem. Porquê? Que andamos a brincar, isso parece-me óbvio.

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